domingo, fevereiro 04, 2007

Monólogo do Último Cliente

-“Não, não sei do que se trata,
Batata! Apenas sinto,
Não minto, é uma dor danada.
Mas, nada! Deixa pra lá, moço!
É um poço sem fundo,
É um mundo de um tudo.
Contudo, talvez há que ser mesmo assim,
Enfim, quem sou eu?
Eu?! Um tonto, acho.
Diacho! Mas o que eu disse?
Tolice, decerto é tolice.
Não disse? Não ria!
Como dizia, é uma dor profunda,
Que inunda, que corta.
É torta, vem de lado, de banda,
Ciranda, roda, rede, balança...
Lembrança de um tempo antigo.
Amigo, só sei que sufoca
E desentoca dores já esquecidas,
Vidas que nem me lembro.
Dezembro!! Era um Natal.
Legal! Um menino, um presente,
Sente? Ai, como dói!
E rói, amigo. Deixa pra lá.
Alah! Tem dó! Compaixão, meu Deus!
Adeus! Vai-te satanás!
Rapaz! Quanta coisa junta!
Pergunta, pergunta, o que queres?
Mulheres? Passado?
Errado, sai fora!
Agora, nada mais conta.
A conta, garçom, a conta!
Desconta essa dor, o desleixo.
Deixo a gorjeta, aflito.
Esse grito não é nada, é prece.
Esquece, já é tarde!
Arde meu peito, só isso.
Feitiço brabo, sem jeito.
Bem feito! Amei e daí?
Morri, sou fantasma,
Miasma... sou nada, ninguém.
Nem vem... lembranças aos seus,
Adeus!”
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(Brasília, setembro de 2003. Ah, vida humana! Cada pessoa, um drama. Cada semblante uma dor.)

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