Cacau, nome fictício, era um técnico de mineração muito responsável e compenetrado de seu trabalho. Raramente ia à cidade aos sábados, como todos os demais colegas, usufruir a folga semanal. Mas quando ia, fatalmente aprontava alguma, porque costumava exagerar na cervejinha.
Numa dessas noitadas memoráveis, lá pelas tantas, entram duas garotas no ambiente, daquelas de parar o trânsito. Pelo menos o trânsito de Palmeirópolis, pequena cidade goiana, de cerca de três mil habitantes, na década de oitenta. Uma das gatas, de passagem, lança um olhar 43 para o Cacau que, incontinenti, retribui e começa uma frenética troca de olhares e sinais, até que a garota levanta-se e se dirige, insinuante, para mesa do seu admirador.
Pego de surpresa, Cacau tira, rapidamente a aliança de casado do dedo e, sem tempo para guardá-la no bolso, sem ser notado, joga-a no copo de cerveja. Tudo tão rápido que só o Zé do Egito, ao seu lado, percebeu a manobra arriscada. A garota senta-se, o flerte progride e menos de dez minutos após, o casal de pombinhos rodopiava leve, solto e apaixonado, pelo salão. Daí pra frente, só os dois podem dizer o que houve, porque logo desapareceram, sem deixar rastros ou testemunhas.
O nosso latin lover só reapareceu, satisfeito da vida, por volta das três da manhã, para juntar-se à caravana de retorno ao acampamento.
Mas, no dia seguinte... É... No dia seguinte é que são elas. Ou, como se diz na minha terra, “os pecados de domingo, quem paga é segunda-feira”. Cacau acordou onze horas, chumbo na cabeça, jiló na boca... Uma ressaca daquelas homéricas. Mandou um epocler no fígado e foi tomar um banho. Somente aí, dá pela falta da aliança. Um choque elétrico paralisou-lhe o corpo.
- Puta que pariu! A aliança de casamento... Tô f... Minha mulher vai me matar!
Nesse momento, o instinto de sobrevivência humano entra em ação e ele se recorda, muito vagamente, do instante em que soltava a jóia preciosa no maldito copo de cerveja. Daí em diante, suas lembranças são confusas. Parece que o inconsciente procurava poupá-lo, livrando-o das lembranças pecaminosas.
Como último recurso, a cabeça já estourando, procura o Zé do Egito. Este, com ar sério, faz ar de quem é alvo de uma brincadeira:
- Ah Cacau! Vai me dizer que você não lembra... Pensa que eu sou bobo, rapaz?
- É verdade Zé. Não me lembro de nada. O que aconteceu depois que joguei a aliança no copo de cerveja?
O Zé, muito sacana:
- Eu sei que você está me gozando, mas pelo sim, pelo não, vou lhe refrescar a memória. Enquanto trocava carícias com sua namorada, você engoliu a aliança, antes que eu pudesse fazer qualquer coisa. Ainda tentei segurar o copo, mas não deu tempo. Mas é claro que você se lembra. Ainda comentou o assunto comigo depois!
- Mesmo, Zé? Puta merda! Não me lembro de nada, cara. E agora?
Era exatamente essa a pergunta que o Zé esperava:
- Olha, você sabe que o ouro é insolúvel... Ele passa direto do esôfago para o estômago, daí pelo intestino e é expelido nas fezes, normalmente.
- É mesmo? E será quanto tempo leva pra isso acontecer?
- Acho que uns quatro dias, mais ou menos. Cada organismo é diferente, você sabe. Mas, se quer meu conselho, acho que a partir de hoje, você já pode começar a verificar suas fezes. Quem sabe?
Cacau limpou uma área bem plana, nas proximidades do acampamento e toda tarde ia lá defecar e examinar, com toda a perícia, os excrementos, para não passar batido, porque tinha muitos porcos soltos por ali e se desse bobeira...
A cena era assim: ele terminava o serviço, colocava um lenço no nariz e com o outro braço, usando uma varinha, remexia o produto, centímetro a centímetro. Às vezes se agachava para ver algo mais de perto, mas logo se levantava, frustrado. A turma ficava na cerca do acampamento, dando força. Na verdade todas já sabiam que fora uma armação do Zé do Egito. Mas ninguém entregava.
- Tem nada não Cacau. Amanhã será outro dia.
- Um amigo meu, levou foi mais de dez dias. Às vezes a danada se engancha em alguma saliência do intestino grosso. Tem que fazer muita força!
- O maior perigo é se ela escapar pela alça da vesícula biliar e ficar presa lá dentro. Aí só cirurgia. Mas é uma coisa simples, nem se preocupe.
No terceiro dia, Cacau entrou numa depressão tão grande, que todos ficaram com pena. Já estava influenciando seu rendimento no trabalho.
Nesse dia, à noite, durante o jantar, o Zé chegou com aliança e jogou dentro do prato de comida do Cacau. Quando reconheceu a jóia querida, e se deu conta do acontecido, quis partir pra briga com o Zé:
- Eu te pego, fdp! Um dia você me paga!
O duro foi agüentar as brincadeiras depois. Mas ele aprendeu a lição. Desse dia em diante, nunca mais correu o risco de cometer, de novo a mesma besteira. Antes de ir pra cidade, tirava logo a aliança, por precaução. Afinal, seguro morreu de velho.
Numa dessas noitadas memoráveis, lá pelas tantas, entram duas garotas no ambiente, daquelas de parar o trânsito. Pelo menos o trânsito de Palmeirópolis, pequena cidade goiana, de cerca de três mil habitantes, na década de oitenta. Uma das gatas, de passagem, lança um olhar 43 para o Cacau que, incontinenti, retribui e começa uma frenética troca de olhares e sinais, até que a garota levanta-se e se dirige, insinuante, para mesa do seu admirador.
Pego de surpresa, Cacau tira, rapidamente a aliança de casado do dedo e, sem tempo para guardá-la no bolso, sem ser notado, joga-a no copo de cerveja. Tudo tão rápido que só o Zé do Egito, ao seu lado, percebeu a manobra arriscada. A garota senta-se, o flerte progride e menos de dez minutos após, o casal de pombinhos rodopiava leve, solto e apaixonado, pelo salão. Daí pra frente, só os dois podem dizer o que houve, porque logo desapareceram, sem deixar rastros ou testemunhas.
O nosso latin lover só reapareceu, satisfeito da vida, por volta das três da manhã, para juntar-se à caravana de retorno ao acampamento.
Mas, no dia seguinte... É... No dia seguinte é que são elas. Ou, como se diz na minha terra, “os pecados de domingo, quem paga é segunda-feira”. Cacau acordou onze horas, chumbo na cabeça, jiló na boca... Uma ressaca daquelas homéricas. Mandou um epocler no fígado e foi tomar um banho. Somente aí, dá pela falta da aliança. Um choque elétrico paralisou-lhe o corpo.
- Puta que pariu! A aliança de casamento... Tô f... Minha mulher vai me matar!
Nesse momento, o instinto de sobrevivência humano entra em ação e ele se recorda, muito vagamente, do instante em que soltava a jóia preciosa no maldito copo de cerveja. Daí em diante, suas lembranças são confusas. Parece que o inconsciente procurava poupá-lo, livrando-o das lembranças pecaminosas.
Como último recurso, a cabeça já estourando, procura o Zé do Egito. Este, com ar sério, faz ar de quem é alvo de uma brincadeira:
- Ah Cacau! Vai me dizer que você não lembra... Pensa que eu sou bobo, rapaz?
- É verdade Zé. Não me lembro de nada. O que aconteceu depois que joguei a aliança no copo de cerveja?
O Zé, muito sacana:
- Eu sei que você está me gozando, mas pelo sim, pelo não, vou lhe refrescar a memória. Enquanto trocava carícias com sua namorada, você engoliu a aliança, antes que eu pudesse fazer qualquer coisa. Ainda tentei segurar o copo, mas não deu tempo. Mas é claro que você se lembra. Ainda comentou o assunto comigo depois!
- Mesmo, Zé? Puta merda! Não me lembro de nada, cara. E agora?
Era exatamente essa a pergunta que o Zé esperava:
- Olha, você sabe que o ouro é insolúvel... Ele passa direto do esôfago para o estômago, daí pelo intestino e é expelido nas fezes, normalmente.
- É mesmo? E será quanto tempo leva pra isso acontecer?
- Acho que uns quatro dias, mais ou menos. Cada organismo é diferente, você sabe. Mas, se quer meu conselho, acho que a partir de hoje, você já pode começar a verificar suas fezes. Quem sabe?
Cacau limpou uma área bem plana, nas proximidades do acampamento e toda tarde ia lá defecar e examinar, com toda a perícia, os excrementos, para não passar batido, porque tinha muitos porcos soltos por ali e se desse bobeira...
A cena era assim: ele terminava o serviço, colocava um lenço no nariz e com o outro braço, usando uma varinha, remexia o produto, centímetro a centímetro. Às vezes se agachava para ver algo mais de perto, mas logo se levantava, frustrado. A turma ficava na cerca do acampamento, dando força. Na verdade todas já sabiam que fora uma armação do Zé do Egito. Mas ninguém entregava.
- Tem nada não Cacau. Amanhã será outro dia.
- Um amigo meu, levou foi mais de dez dias. Às vezes a danada se engancha em alguma saliência do intestino grosso. Tem que fazer muita força!
- O maior perigo é se ela escapar pela alça da vesícula biliar e ficar presa lá dentro. Aí só cirurgia. Mas é uma coisa simples, nem se preocupe.
No terceiro dia, Cacau entrou numa depressão tão grande, que todos ficaram com pena. Já estava influenciando seu rendimento no trabalho.
Nesse dia, à noite, durante o jantar, o Zé chegou com aliança e jogou dentro do prato de comida do Cacau. Quando reconheceu a jóia querida, e se deu conta do acontecido, quis partir pra briga com o Zé:
- Eu te pego, fdp! Um dia você me paga!
O duro foi agüentar as brincadeiras depois. Mas ele aprendeu a lição. Desse dia em diante, nunca mais correu o risco de cometer, de novo a mesma besteira. Antes de ir pra cidade, tirava logo a aliança, por precaução. Afinal, seguro morreu de velho.
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