Quis rabiscar um poema moderno,
Sem métrica, sem rima, sem babado.
Poema de verão para o inverno,
Poema seco pra se ler molhado.
Falar dos porrilhões de universos,
Do céu, do mar, da terra e do inferno.
Humilhar os quadrados dos inversos,
Poema esporte, pra gravata e terno.
Enfim, uma poesia colorida,
Estrofes de escandalizar coreto.
Mas fui tão bitolado pela vida,
Que fiz uma poesia em banco e preto.
E em vez de versos soltos, sem medida,
Compus a quadratura de um soneto.
(Escrito em 1968, em plena inquietação da juvenude rebelde dos anos dourados)
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