E agora Drumond?
Me manda de Minas a pista,
Que eu saí da risca,
Que eu caí na isca
E essa vida arisca
Não tem compaixão.
Cadê seu José?
Cadê seu João?
Cadê quem me ensina?
José se perdeu,
João se escondeu
Nem sobrou Maria,
Que na romaria
Deu no que deu.
Nem sobrou Sinhá
Que no bafafá
Deu o que falar.
E aí Vanzolini?
E a volta por cima,
Como é que se dá?
Como é que se limpa
A cara de tacho?
Como é que se ergue
Um peito capacho?
Me manda a receita
Dessa Sampa esperta,
Dessa sempre alerta!
E agora mundão,
Como é que se safa?
Depois da farra, a ressaca
E o remorso, um bate-estaca,
Que nos tritura e estafa.
Quem é que agüenta a barra?
E esta vida só?
E esta vida sem?
Sem amor, sem vintém...
Tudo bem, a dor a gente abafa,
A fome a gente aplaca,
Mas... e os filhos?!
Como supri-los,
Sem renunciá-los,
Se perdi meus brilhos,
Se perdi meu trilhos,
Eu, que fi-los, porque qui-los?
E agora, Jânio, seu puto!
Quem afasta de mim esses grilos?
E agora gente?
E agora Deus?
Tô aí na barca
Dessa vida torta,
Dessa vida curta,
Sem meu bugarim,
Sem meu pé de murta,
Sem meus oito anos...
E agora, e agora?
A agora você?
Cadê Miguelim?
Cadê Guimarães?
Cadê João Cabral?
Rimai, poetas, rimai!
Cantai, cantores, cantai!
E agora Dylan?
Cadê as respostas
Que flutuariam
Bailando no ar?
E essa calmaria?
E esses anos todos?
Onde estão os ventos?
Creindeuspadre, avemaria,
Que será de mim?
Será, enfim, o meu fim??
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(Uruaçu-GO, Out-85)
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