Que
posso te dizer, criança?
Não
digo nada,
Digo
apenas que está lá,
Em
Eclesiastes,
Com
todas s letras:
“Há
tempo de matar... Tempo de morrer...”
“Tempo
de odiar... Tempo de rasgar...”
“Tempo
de chorar... Tempo de espalhar pedras...”
“Tempo
de odiar... Tempo de guerra...”
“Tempo
de perder... Tempo de ficar calado...”
E
então?
De
que te admiras?
São
chegados os tempos...
Tempos
desertos, inclementes, secos,
Tempos
de canalhas,
Tempos
difíceis.
Mas,
não te inquietes mais que o necessário.
Acalma
teu coração e te asserena.
Quem
avisou, sabe o porquê.
Nem
alegues surpresa, que o aviso é milenar.
Não
o ouviu os moucos,
Não o leu os cegos,
Não o leu os cegos,
Não
o captou os loucos.
Faz
teu mea culpa e vê onde te cabe nestes tempos.
Lambe as feridas, enquanto refletes.
Sabes
o que tem mais em Eclesiastes?
“O
que é, já foi”
“E
o que há de ser, também já foi”
Percebes?
“Deus
pede conta do que passou”
Não
vês?
Os
tempos duros são tempo dos homens, criança,
Isso
é o que é.
Porque
naqueles tempos, lá está escrito,
“No
lugar do juízo havia impiedade”
“E
no lugar da justiça havia iniquidade”
Precisa
desenhar?
Então,
enxuga o pranto, que precisamos mudar os tempos.
Não
me perguntes como,
Pois
também tenho dúvidas.
Mas
sei que são tempos nossos,
Dos
nossos medos,
Nossas
omissões,
Nossa
covardia,
Nosso
silêncio
Anda
criança, vamos às praças,
Procuremos
os desalentados,
Falemos
da impiedade e da iniquidade dos homens
E
da advertência de Salomão:
“Há
tempo para todo o propósito debaixo do céu”,
Compartilhemos
um propósito novo,
Coletivo,
solidário e inclusivo.
Lancemos
sementes.
Não
te digo que será fácil, e não será.
Pois
os tempos dos homens são rotulados como tempos de Deus
À
multidão drogada de dominação e subserviência.
E
não te espantes se te acusarem
E
até te condenarem à cicuta.
Nem
te surpreendam os ardis da infâmia, das tramas,
Da
mentira e da traição:
São
os horrores dos tempos que fizemos.
Ainda
na masmorra, porém, sustém-te em teus valores,
Que
o tempo é a régua da História
E
tudo passa, menos o nome do justo.
Então,
criança, que mais te posso dizer?
Não
digo nada,
Digo
apenas que está lá,
Em
Eclesiastes,
Para
o bom cristão,
Em
manchetes garrafais:
“Extra!
Extra! O Tempo é de Deus,
Mas
os tempos são dos homens.”
E
é bom que seja assim.
À
luta!
SSA,
Set/2018
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