domingo, março 21, 2010

Entrelinhas

Por sua alma e cara de artista,
E porque tudo é fato, notícia,
E a vida um imenso tablóide
E tudo são textos, fotos, listas,
E porque tudo deve ser exposto,
E tudo deve ser expresso,
Tenha livre acesso a jornalista!

Por sua ousadia de malabarista,
E a magia do jogo das palavras,
E a maravilha precisa da frase,
E a busca incessante da pista...
E porque tudo deve ser dito,
E tudo deve ser claro,
Salve-nos o olhar da jornalista!

E porque o mundo é divina revista,
E porque tudo é plástica e imagem
E porque tudo é paisagem, som e tato,
Reportagem e entrevista
E porque tudo tem de ser checado,
E tudo deve ser sentido,
Livrem da mordaça a jornalista!

Mas, com tua veia escrota de lobista,
Porque tudo é pesquisa e enquete,
Compuseste título, anúncio e manchete,
Interesseiro, como um vigarista...
E porque tudo é estilo e conjunto,
Fizeste dela musa e assunto
E caíste no charme da jornalista.

Mas, voa o tempo, impiedoso humorista,
E um dia passa a ser vírgula em texto,
Quem antes era título e contexto.
Até que a denúncia cruel e revanchista,
Expulsa para um vil ponto final
Quem antes era o corpo principal...
Ninguém brinca em vão com a jornalista.

Bsb, 12/06/2007

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