O apelido vem de sua origem pantaneira. Juca Mato Grosso*, dos mais brilhantes profissionais com quem já trabalhei, dono de uma liderança inconteste, mas sobretudo, grande figura humana. Aquele tipo de pessoa que gostaríamos de ter sempre ao lado, em todos os momentos, pois com ele não tinha tempo ruim. Bem humorado, brincalhão, espirituoso, teatral e tremendo gozador. Sua presença era garantia de conversa agradável e papo descontraído. Lembro-me, por exemplo, do causo do "menino" que o acompanhava e que ele contava sempre com um proposital ar misterioso, revelando certo espanto e mostrando o braço arrepiado. Vamos relembrar juntos:
Estava o Juca fazendo check in no balcão de um hotel em Aquidauana, se não me falham os neurônios, quando o atendente lhe pergunta:
- Quer cama extra para o garoto, ou ele vai dormir na cama de casal com o Senhor?
Juca pensou ter entendido errado, já que não havia garoto algum com ele. Mas, ante o tom incisivo do moço, retrucou com seu sotaque pantaneiro:
- Que garoto rapaz? Tá falando comigo mesmo?
- Sim, com o Senhor mesmo. Cadê o garoto que entrou com o Senhor no hotel, agora há pouco?
Juca pensou estar sendo alvo de uma brincadeira.
- Que garoto rapaz? Tá ficando maluco ou tá de gozação comigo? Não está vendo que estou sozinho?
O atendente se mostrava tão surpreso quanto.
- Senhor José (José é o prenome do nosso personagem), não estou maluco, nem de brincadeira. O Senhor entrou por aquela porta acompanhado de um garoto. Qual o problema?
Vendo que o rapaz falava sério, Juca resolveu deixar tudo por conta de um equívoco e nada mais.
- Você se confundiu, meu jovem. Tudo bem, isso acontece. Mas eu cheguei aqui sozinho, como sozinho agora estou . Não havia ninguém comigo, muito menos um garoto.
- Me desculpe Senhor José. Mas havia, sim, um garoto de seus oito anos, sorridente, bem magrinho, cabelo em cuia, tipo índio, tênis, calção e camiseta azul e muito curioso. Chamou minha atenção o modo como ele o seguia, atrás e não de lado. Veio atrás do Senhor até o balcão e enquanto me agachei para apanhar o formulário, ele desapareceu. Pensei que teria ido ao banheiro, por isso perguntei.
Vendo que nunca sairiam da lengalenga, Juca resolveu dar o caso por encerrado, até porque já havia curiosos prestando atenção àquela conversa esquisita. Mas ficou intrigadíssimo. Por que diabos uma pessoa estranha inventaria tal história? Por via das dúvidas, enquanto se dirigia ao quarto, ele se virou várias vezes, repentinamente, tentando dar um flagra no moleque seguidor mas, não obtendo sucesso, debitou o episódio na conta de um estranho equívoco. Mas o causo marcou-lhe para sempre. Inúmeras vezes ouvi esse relato, para diferentes platéias e ambientes, e sempre registrei o mesmo espanto dos atenciosos ouvintes, para deleite do Juca, que aqui e acolá dava uns floreios de suspense.
Em noitadas de esbórnias, que não foram poucas, diga-se de passagem, quando voltávamos para casa "pé dentro, pé fora", ele costumava dizer, dedo em riste, dirigindo-se a um imaginário seguidor mirim:
- Olha aqui, moleque maroto, quer vir comigo, tudo bem, mas sem empurrar, por favor!
E ria um riso gostoso, de pura molecagem. E revelava também que em alguns momentos de preliminares sexuais, ao imaginar inocentes olhinhos curiosos o observando, várias vezes teve de interromper o interlúdio para se recompor, implorando em pensamento:
- Sai pra lá moleque, pelo amor de Deus! Isso não é coisa pra criança!
Nunca mais o guri foi visto, mas o Juca confessava, em momentos de retiro, quando "garrava a pensar nos seus", sentir estranhos arrepios que ele creditava à sua "presença invisivel ".
Acredita amigo? Não pergunte minha opinião, pois sou apenas contador e não decifrador de causo. Isso é com vocês. Diz um ditado, não sei se espanhol, argentino ou de que plagas castelhanas: "yo no creio en las brujas, pero que las hay, las hay". Pelo sim e pelo não, taí. Vendi do mesmo preço que comprei.
Falando em molecagem, no sentido de travessura, veja essa!
Estudante ainda, do último ano de geologia, durante uma prova de Geologia Econômica, um colega que esquecera o nome do mineral magnetita, de conhecidas propriedades magnéticas, passa ao Juca o seguinte pedido de socorro, em um papel amassado: "Qual é o nome daquele material magnético pra caralho?"
Juca respondeu na bucha: "Imã".
O colega ficou louco e devolveu a encomenda: "Mineral natural, animal!"
Quase tendo um orgasmo, Juca sapecou de volta: "Mineral, animal ou vegetal?"
Segundo seu relato, o cara quase engoliu o papel, de raiva. Mas devolveu irado, em letras garrafais: "SEU CÚ!"
Estava o Juca fazendo check in no balcão de um hotel em Aquidauana, se não me falham os neurônios, quando o atendente lhe pergunta:
- Quer cama extra para o garoto, ou ele vai dormir na cama de casal com o Senhor?
Juca pensou ter entendido errado, já que não havia garoto algum com ele. Mas, ante o tom incisivo do moço, retrucou com seu sotaque pantaneiro:
- Que garoto rapaz? Tá falando comigo mesmo?
- Sim, com o Senhor mesmo. Cadê o garoto que entrou com o Senhor no hotel, agora há pouco?
Juca pensou estar sendo alvo de uma brincadeira.
- Que garoto rapaz? Tá ficando maluco ou tá de gozação comigo? Não está vendo que estou sozinho?
O atendente se mostrava tão surpreso quanto.
- Senhor José (José é o prenome do nosso personagem), não estou maluco, nem de brincadeira. O Senhor entrou por aquela porta acompanhado de um garoto. Qual o problema?
Vendo que o rapaz falava sério, Juca resolveu deixar tudo por conta de um equívoco e nada mais.
- Você se confundiu, meu jovem. Tudo bem, isso acontece. Mas eu cheguei aqui sozinho, como sozinho agora estou . Não havia ninguém comigo, muito menos um garoto.
- Me desculpe Senhor José. Mas havia, sim, um garoto de seus oito anos, sorridente, bem magrinho, cabelo em cuia, tipo índio, tênis, calção e camiseta azul e muito curioso. Chamou minha atenção o modo como ele o seguia, atrás e não de lado. Veio atrás do Senhor até o balcão e enquanto me agachei para apanhar o formulário, ele desapareceu. Pensei que teria ido ao banheiro, por isso perguntei.
Vendo que nunca sairiam da lengalenga, Juca resolveu dar o caso por encerrado, até porque já havia curiosos prestando atenção àquela conversa esquisita. Mas ficou intrigadíssimo. Por que diabos uma pessoa estranha inventaria tal história? Por via das dúvidas, enquanto se dirigia ao quarto, ele se virou várias vezes, repentinamente, tentando dar um flagra no moleque seguidor mas, não obtendo sucesso, debitou o episódio na conta de um estranho equívoco. Mas o causo marcou-lhe para sempre. Inúmeras vezes ouvi esse relato, para diferentes platéias e ambientes, e sempre registrei o mesmo espanto dos atenciosos ouvintes, para deleite do Juca, que aqui e acolá dava uns floreios de suspense.
Em noitadas de esbórnias, que não foram poucas, diga-se de passagem, quando voltávamos para casa "pé dentro, pé fora", ele costumava dizer, dedo em riste, dirigindo-se a um imaginário seguidor mirim:
- Olha aqui, moleque maroto, quer vir comigo, tudo bem, mas sem empurrar, por favor!
E ria um riso gostoso, de pura molecagem. E revelava também que em alguns momentos de preliminares sexuais, ao imaginar inocentes olhinhos curiosos o observando, várias vezes teve de interromper o interlúdio para se recompor, implorando em pensamento:
- Sai pra lá moleque, pelo amor de Deus! Isso não é coisa pra criança!
Nunca mais o guri foi visto, mas o Juca confessava, em momentos de retiro, quando "garrava a pensar nos seus", sentir estranhos arrepios que ele creditava à sua "presença invisivel ".
Acredita amigo? Não pergunte minha opinião, pois sou apenas contador e não decifrador de causo. Isso é com vocês. Diz um ditado, não sei se espanhol, argentino ou de que plagas castelhanas: "yo no creio en las brujas, pero que las hay, las hay". Pelo sim e pelo não, taí. Vendi do mesmo preço que comprei.
Falando em molecagem, no sentido de travessura, veja essa!
Estudante ainda, do último ano de geologia, durante uma prova de Geologia Econômica, um colega que esquecera o nome do mineral magnetita, de conhecidas propriedades magnéticas, passa ao Juca o seguinte pedido de socorro, em um papel amassado: "Qual é o nome daquele material magnético pra caralho?"
Juca respondeu na bucha: "Imã".
O colega ficou louco e devolveu a encomenda: "Mineral natural, animal!"
Quase tendo um orgasmo, Juca sapecou de volta: "Mineral, animal ou vegetal?"
Segundo seu relato, o cara quase engoliu o papel, de raiva. Mas devolveu irado, em letras garrafais: "SEU CÚ!"
Ao relembrar essa passagem, o Juca sempre tinha um ataque icontrolável de riso. Imaginem a cena!
Doutra feita, trabalhando na mesma área que a equipe de geofísica, Juca encontrou o esconderijo onde eles guardavam os carotes de água e os lanches, para o descanso do meio-dia. Sem pestanejar, ele colou uma folha de sua caderneta em cada carote, com os seguintes dizeres, em pincel atômico: "Cuidado! Contém mijo humano!" Pra dar mais veracidade, urinou num gurdanapo e deixou próximo aos vasos, pra que o aroma ficasse no ar.
Bom, há quem desminta, mas o que me disseram é que a equipe de geofísica passou toda a tarde sem beber água, por via das dúvidas, maldizendo o azar de terem dado mole pro Juca.
Muito cedo aposentou o martelo e foi explorar minas de gado no pantanal do seu belíssimo Mato Grosso. Mas deixou-nos, além do vazio técnico, o vazio de uma companhia inesquecível. Suas lembranças são patrimônio inalienável daqueles tempos tão sofridos e ao mesmo tempo tão saudosos, em que fazíamos geologia nos divertindo. No próximo post, relateremos mais travessuras desse matogrossense autêntico, feito laço de 12 braças.
* Nome fictício
Doutra feita, trabalhando na mesma área que a equipe de geofísica, Juca encontrou o esconderijo onde eles guardavam os carotes de água e os lanches, para o descanso do meio-dia. Sem pestanejar, ele colou uma folha de sua caderneta em cada carote, com os seguintes dizeres, em pincel atômico: "Cuidado! Contém mijo humano!" Pra dar mais veracidade, urinou num gurdanapo e deixou próximo aos vasos, pra que o aroma ficasse no ar.
Bom, há quem desminta, mas o que me disseram é que a equipe de geofísica passou toda a tarde sem beber água, por via das dúvidas, maldizendo o azar de terem dado mole pro Juca.
Muito cedo aposentou o martelo e foi explorar minas de gado no pantanal do seu belíssimo Mato Grosso. Mas deixou-nos, além do vazio técnico, o vazio de uma companhia inesquecível. Suas lembranças são patrimônio inalienável daqueles tempos tão sofridos e ao mesmo tempo tão saudosos, em que fazíamos geologia nos divertindo. No próximo post, relateremos mais travessuras desse matogrossense autêntico, feito laço de 12 braças.
* Nome fictício
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