Dá-me tua mão,
Que lerei tua sorte,
Achas-te já muito forte
Queres saber do destino,
Vida e morte.
Diz a linha curva
Que haverá tropeços,
E voltas e recomeços,
Mas teimar com os sonhos
É teu apreço.
A linha solta
Esconde um segredo.
Mas, calma! Não tenhas medo...
Saberás tudo a seu tempo,
Inda é cedo.
A sinuosa é o amor...
Provarás da taça amarga
E acharás tão grande a carga,
Que quererás encurtar,
A vida larga.
Na linha esquerda
Vê-se uma armadilha, um nó...
Teus sonhos virarão pó
E no auge dos teus conflitos
Te verás só.
Na linha ao centro,
Bombos, clarins, carnavais,
E sons de taças de cristais.
E no topo, entre clicks e flashes
Quererás mais.
Ao fundo, entanto,
Vejo a dor da ingratidão,
E o frio da solidão,
E carpirás tuas culpas todas
Sem perdão.
Mas, atenta e vê,
Lá no canto esmaecida,
Linha sutil escondida,
Com um recado a dizer:
Leia-me como quiseres,
E viva como puderes
Sou tua linha da vida
Não tentes me decifrar,
Que irei te devorar
Pois sou para ser vivida
Segundo o traço que deres...
Taí...
Li tua sorte.
Não te espantes de eu dizer
Sem medo de me enganar
Tudo o que li.
Muitos passos tens de dar
Até por fim aprender
O que não podes mudar:
Que haverá dias e noites
Sol e chuva e belo e feio,
O não e o sim,
Começo e fm;
Tudo faz parte
Da arte
Do viver,
Eis o que li.
Vi linhas de sorrir
E linhas de chorar;
Vi tardes mornas de amor,
Manhãs geladas de dor;
Sons de calma sinfonia
Gritos roucos de agonia;
Vi-te em ternos de alta fama
E em trapos sujos de lama;
Vi-te, enfim, um ser normal,
Uns dias bem, outros mal;
Retira desses contrastes
A resposta que buscastes,
Eis o que li.
Não escrevo versos vãos
Estende a palma e observa:
Tens a vida em tuas mãos.
SSA, 07/02/2011