Mas, nada foi em vão!
Pelo contrário,
Tudo foi preciso e bom
E necessário.
E, afinal, ficou o aprendizado.
A alma humana é tão pequena
Quão complexa,
E a dor que nos embota o entendimento
E humilha a razão e a faz perplexa
É, de fato, o grande ensinamento.
E os acessos de paixão,
Com suas chamas e brilhos de salão,
São raios que enceguessem a alma.
E a alma cega é como um vôo sem plano,
A descampar imensidões... Desertos...
É grito débil de pulmões vazios,
Sob o pulsar de um coração insano...
Canoa frágil, contra o mar bravio.
Não, repito, nada foi em vão!
Nem mesmo a dor,
Nem mesmo a traição covarde,
Pois, se afinal, o peito ainda arde,
Tenho a visão mais clara
E os olhos secos,
E a voz mais firme,
E o andar mais calmo...
E serenada a alma,
Agora sou mais forte
E as canções, mais doces
E os versos, mais sutis
E os dias, mais azuis.
Não, amigo, nada foi em vão!
Tudo foi apenas como havia de ser.
Se doeu? Não vou negar, doeu.
Mas já passou, já perdoei
E agora sou mais livre,
Agora sou mais eu.
Por isso não se engane:
Seja na aurora, ou no ocaso,
Na subida, ou no declive,
Sejas tu granfa, ou povão,
Tudo o que a gente vive,
Nada! Nada é por acaso,
Nada acontece em vão!
Rio, 18/07/2009