Quem é esse louco que fita a barranca
E depois de contemplá-la em êxtase
Cai-lhe em cima, em fúria bruta
E a esburaca e a atormenta e a espanca?
Que faz aquele bando, no corte da estrada,
Em discussões febris, ao pé do mestre?
Por que o ataque rude, a marteladas,
A espantar o motorista e o pedestre?
Quem é aquele doido, que alisa a pedra,
Que lhe examina com lupa, os detalhes,
Que a tudo registra, com sutil presteza,
E, com afiada lâmina, lhe assesta um talhe?
Que faz aquele tonto, de aparelho em punho,
A medir, quem sabe lá, que estruturas
De planos surreais, imaginários?
Decifrando, da terra, suas santas escrituras??
E aquele outro ali que, insatisfeito,
Ainda cheira a pedra e a leva à boca!?
Que o recolham às grades, sob algemas,
Antes que saia por aí, de meia e touca!
Mas... Eis ali um jovem, na planície,
A contemplar a serra, inebriado e mudo,
Tecendo mil teorias, explicando tudo
Sobre a ascensão do magma à superfície.
A princípio, julguei ser um astrólogo,
Mas, agora, bem de perto... É um geólogo!
E o sei pelo martelo e a imundície.
Bípede falante, corpo ereto,
Dos gêneros humanos, o mais louco,
De tudo, tudo mesmo, ele é um pouco:
Meio médico, biólogo, arquiteto,
Meio poeta, meio vilão, meio artista.
Escrivão da Natureza e jornalista,
No chão imundo do mundo sem teto,
Bisbilhotando os fósseis escondidos,
Seus ventres estuprados, seus partos perdidos,
Rebentos da Terra... Seu filhos, seu fetos.
Bsb, 29/05/2009 - Homenagem bem humorada ao profissional geólogo, pelo seu dia, 30/05.