quinta-feira, outubro 11, 2012

Poeminha mequetrefe

Aos companheiros de geração, de crença e de desdita.


Devia mais era fechar  o bico, ficar calado
Que afinal, não tenho guarda-costas, nem sou chefe
Sou um cidadão comum, um zé ninguém,
Cuja importância está pra lá do além,
Ou, pra ser mais moderno, um mequetrefe,
Que não merece nem o olhar de um magistrado,
Que devia mais era se olhar no espelho,
Antes de ousar, como um pentelho,
Criticar supremas decisões do STF,
Como se fora um zé mané togado.

Mas é que vendo a candura de um GM
A condenar, sem provas, Zé Dirceu,
E o relator, dedo em riste para a câmera,
Qual Cavaleiro Negro da augusta Câmara,
Dizendo: Eu acuso, Eu acuso, Eu...
Me aperta o peito, a voz cala e a mão treme.
Ah, JB... Melhor tragá-lo com gelo em doses,
A ouvi-lo, como gelo, fazendo poses
De nazista irado ante infiel judeu.
Ah, JB... Que essa chama um dia não te queime!

Invocaste agora o domínio dos fatos:
“Está na cara, o cara sabia. São fortes os indícios”.
Tudo bem. Quem sou eu pra contestar?
Entretanto, nada custa perguntar:
Da Ação Penal do Collor, nem resquícios.
Sem provas, perdeu a denúncia o status.
Por que, agora, abres mão das provas, JB?
Só domina os fatos quem é do PT?
Como vês, incorres nos mesmos velhos vícios.
Tens o mesmo mofo dos velhos retratos.

Mas podes, em breve, provar que és isento.
Dormita nas gavetas desse STF,
Encardido da poeira do salão,
O primevo e verdadeiro mensalão
Data vênia, sei que mereço um tabefe,
Mas espero que entendas meu intento
Pois falo do mensalão do Azeredo
Que Vossa Excelência condene sem medo!
Que não mires só no Lula ou na Roussef,
E que eu engula este meu mau pressentimento.

Salvador, 09/10/2012

Um comentário:

O Tempo Passa disse...

Pois é... a esperança, frágil como chama de uma vela (dizia Paulo Brabo, amigo e pensador), resiste.